A definição, vasta e complicada, admite pluralidade de conceitos. Pode se referir ao contexto ao qual os seres vivos estão inseridos; ao espaço de tempo entre concepção e morte de um organismo; fenômeno que anima a matéria, dentre outras, subjetivas ou não.
O fato é que esses últimos dias me fizeram refletir a respeito da vida, os que lutam por ela e os que simplesmente a jogam fora (principalmente no sentido literal da palavra).
Pois bem! Há aproximadamente 15 dias atrás, descobrimos que minha esposa estava grávida. Seria nosso terceiro herdeiro. A princípio o céu caiu sobre nossas cabeças, pois mais um filho não estava em nossos planos. Passamos uns dois dias com o estômago embrulhando, digerindo a novidade até começar a dizer aos nossos amigos e família.
Uns cinco dias após descobrirmos a gravidez, minha esposa começou a sentir dores nas costas e sangramentos, que duraram mais de 7 dias. Um dia após os primeiros sintomas, fomos à emergência. O médico já parecia sentenciar a morte do embrião, que no ato da consulta tinha 6 semanas de vida. Pediu que fizéssemos uma ultrassonografia para confirmar o que suspeitava.
Após tentativa frustrada de conseguir um ultrassom de urgência em hospitais públicos e particulares, voltamos para casa, tristes. No outro dia, fomos a uma clínica particular, especializada em ultrassonografia. Após o exame, para nossa surpresa, o "bebê" pulsava esperança naqueles 120 batimentos por minuto. Essa esperança nos contagiou de tal maneira que já começamos a esboçar escolha de nomes para a criança.
Mas os sintomas persistiam. E fomos novamente procurar os médicos, que também sentenciavam o interrompimento da vida do embrião, agora com 7 semanas. Mas no novo ultrassom a esperança pela vida agora era regida por um lindo e estrondoso som de 140 batimentos por minuto. Neste momento, é impossível dizer que já não há um sentimento de amor dos pais pelo ser gerado no ventre, ainda que tenro.
Os sintomas persistiam e pioravam a cada dia, até que a última ultrassonografia fora realizada. E a batalha era muito grande para aqueles poucos centímetros vencerem, e ele não resistiu. A médica disse que na fecundação, os cromossomos não se alinharam corretamente, razão pela qual o organismo de minha esposa "fabricou" progesterona em quantidades insuficientes para segurar o saco gestacional e garantir o desenvolvimento do embrião. E nos proferiu palavras de consolo.
Mas, por quê desde a fecundação até a concepção há uma luta para que a vida ganhe cores e luzes, e ainda assim uma quantidade crescente de jovens (principalmente) dão cabo às suas? O que poderia ser tão grave para fazer com que pessoas com potencial e "chão" a percorrer, simplesmente desistam? Onde está a nossa parcela de responsabilidade nisso tudo?
Segundo uma pesquisa da Folha de São Paulo, a taxa de suicídio entre adolescentes e jovens aumentou pelo menos 30% nos últimos 25 anos. O crescimento é maior do que o da média da população, segundo o psiquiatra José Manoel Bertolote, autor de "O Suicídio e sua Prevenção" (ed. Unesp, 142 págs.).
Em nível mundial, as estatísticas também são estarrecedoras. Segundo a ONU, as mortes por suicídio aumentaram 60% nos últimos 45 anos. Quase um milhão de pessoas se matam todos os anos – em um universo até 20 vezes superior de tentativas.
E a resposta para esse "fenômeno"? Segundo estudiosos, "já foi por motivo religioso, até o século 16, e atualmente é visto como um transtorno psicossocial de causas múltiplas, em que fatores biológicos, psíquicos, sociais e culturais interagem de forma complexa, aproximando ou afastando as pessoas do abismo psíquico" (Com Saída, Luciana Christante).
Na minha insignificância de conhecimentos acadêmicos acerca dessas questões, prefiro acreditar que o que falta é o que realmente importa! É poder ouvir o coraçãozinho de um ser em geração dizendo: quero viver! É poder enxergar que a vida é muito mais que trabalhar para comer ou comprar o Tablete do momento, ou ainda o carro do ano; viver é muito mais que ajuntar riquezas nessa vida, onde a traça corrói ou os políticos as dissolve; viver é muito mais que uma disputa por qualquer status que os homens podem nos oferecer; mais que qualquer título que conquistemos.
A vida é um sopro, e viver, bem... Viver é poder ver que se todas as coisas existem, e funcionam tão harmoniosamente, só pode ter um Criador para isso tudo; e a Ele dar graças por tudo o quanto tem feito; é aproveitar cada segundo como se fosse o último, amando mais ao próximo, buscando o que é bom e fugindo do que é mal; é ver que a "graça" da vida está no recomeço.
Obrigado Deus, porque do Senhor é a Vida!
Fonte: Nordestinidade nossa
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